sexta-feira, 9 de maio de 2008

Salvador e a chuva

Em bairro classe média alta a situação era essa. E na periferia?
Foto: Fernando Vivas (Ag. A Tarde/AE)

E Salvador mais uma vez se acaba com as chuvas. Não é por falta de costume, afinal, é garantido que as chuvas comecem em maio, mas a falta de preparo urbanístico e sanitário, para receber tamanha quantidade de água de uma só vez, continua em Salvador.

Árvores derrubadas, encostas deslizadas, muros caídos e, é claro, o trânsito caótico foram consequências do grande volume de água que caiu em Salvador ontem desde o fim da madrugada.

Com o índice pluviométrico acima dos 1500mm anuais, Salvador é consciente de que o período de chuvas, que vai de maio a Julho aproximadamente, é intenso e costuma provocar acidentes. Mas segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), bastaram 71mm de água pra parar a cidade. ..........................................................................................................................................Foto: Correio da Bahia On Line

O trânsito soteropolitano é de longe o maior dano sentido pela população. Três horas de engarrafamento foi a média na manhã desta quinta-feira para fazer o trajeto Av. Paralela-Av. Vasco da Gama, que tinha água até os joelhos.

O trânsito de Salvador é baseado em longas avenidas que ligam os bairros da cidade. Tais vias (metropolitanas) chegam e ter uma velocidade permitida de 80 km/h, o que é muito se levado em
conta a qualidade do asfalto e a educação (ou a falta de) baiana/brasileira no trânsito. Então, quando chove essas avenidas perdem sua função e qualidade já que os motoristas são obrigados e diminuir a velocidade.É neste momento que o caos se instala.

Da Tribuna da Bahia lê-se ainda notícias importantes a respeito da chuva de ontem:

"De acordo com Francisco Costa Júnior, o subcoordenador operacional da Defesa Civil de Salvador (Codesal), a chuva já era prevista, porém não na proporção que ocorreu. “Até os técnicos da Codesal estão tendo dificuldades para chegar aos locais afetados”, disse relatando que só nas primeiras horas da manhã mais de 50 solicitações já havia sido registradas pelo órgão municipal.
Apesar da Central das Polícias Civil e Militar (Centel) não ter nenhum registro a respeito, testemunhas relataram terem presenciado diversos arrombamentos a carros, nos bairros da Pituba e Rio Vermelho. “Eles aproveitaram os engarrafamentos para quebrar os vidros dos carros e roubar as pessoas” contou assustada uma testemunha, que estava no carro atrás ao da vítima, na Avenida Juracy Magalhães. “Tive medo que ele se voltasse contra mim também”. Nas delegacias, 28ª D.P. (Nordeste de Amaralina) e 16ª D.P. (Pituba) também não havia nenhuma ocorrência registrada." Texto de
Roberta Cerqueira

Milena Palacios.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Fonte Nova Tem Novos "Jogadores"

Três meses após tragédia, Fonte Nova é transformada em abrigo

Cerca de 30 pessoas, misturadas a animais como cães e galinhas, se distribuem em locais onde funcionavam bilheterias, portões, escadarias e canteiros

Lucas Esteves, especial para o Pelé.Net

SALVADOR -
Interditada desde o mês de novembro, a Fonte Nova agora abriga novos "hóspedes". Com a ausência do público semanal após a tragédia que matou sete pessoas no ano passado, moradores de rua ocupam boa parte das margens do estádio, transformando o local em um verdadeiro abrigo.

Cerca de 30 pessoas, misturadas a animais como cães e galinhas, se distribuem em locais onde funcionavam bilheterias, portões, escadarias e canteiros. No ambiente, os moradores de rua cuidam de crianças em barracas improvisadas, além de consumirem álcool e outras drogas livremente.

De acordo com os sem-teto, sob a marquise da Fonte Nova não é exatamente uma novidade. Antônio dos Santos Conceição, de 38 anos, alega que já perambula pelo local há 12 anos. "A gente costumava ficar atrás do [ginásio] Balbininho na época em que a Fonte Nova funcionava. Mas agora, como não tem ninguém, voltamos pra frente do estádio".

Muitos são integrantes de uma mesma família. Conceição divide as ruas com a esposa, que também trouxe para a morada improvisada uma filha e uma neta. Com eles, outros parentes em situação de risco social. Para sobreviver, catam lixo pelas ruas, pedem esmola nos sinais de trânsito e nos bairros próximos ao estádio, como Nazaré e Brotas.

Os sem-teto garantem que não roubam quem passa pelas ruas. Também afirmam não permitir que ladrões se juntem ao grupo que mora na Fonte Nova. "Os policiais nos protegem, conversam com a gente, não nos incomodam. Aqui ninguém rouba ninguém, não somos criminosos", explica a mulher de Conceição, Maria de Fátima Silva.

Entretanto, Conceição e o cunhado, Alessandro da Silva, admitem que boa parte dos moradores consome drogas diversas. "Eu bebo, ele bebe, a minha mulher e a filha dela bebem, não vou mentir. Tem gente que também usa coisa mais forte, mas aí a gente pede que use lá longe, para as crianças não verem", conta.

Violência
Mais até do que a miséria, a violência é o que mais assusta os novos habitantes da Fonte Nova. Segundo eles, o local é frequentemente visitado, à noite, por funcionários da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo (Sucom), que se utilizam da força para tentar afastar os sem-teto do estádio.

Chorando, Alessandro da Silva revela que os agentes usam pedaços de madeira com pregos para agredir os desabrigados, além de queimar móveis, utensílios e roupas durante as operações. "A última vez que eles vieram, na semana passada, bateram nos homens e também em mulheres com crianças no colo", denuncia, mostrando marcas roxas no braço direito.

De acordo com os moradores, a primeira ação recente da Sucom aconteceu na quinta-feira de Carnaval, quando foram aconselhados a abandonar o local. À noite, teriam sido agredidos por não terem obedecido. Desde então, segundo alegam, vez por outra são visitados de surpresa, sempre a socos, pauladas e ameaças de morte.

Antônio dos Santos Conceição afirma que se caso tenha uma oportunidade de ficar frente-a-frente com os supostos agressores, identificaria todos imediatamente. Apesar disso, pensa que prestar uma queixa de violência na polícia não resolverá o problema da insegurança no local. "Eu sei que tem policiais envolvidos nisso. Não posso prestar queixa contra quem me agrediu, é suicídio".

O gerente de Fiscalização Territorial da Sucom, César Aleluia, negou todas as acusações dos moradores da Fonte Nova. De acordo com o funcionário do órgão, não há equipes que trabalhem para a Sucom atuando à noite na cidade, com exceção da Gerência Ambiental, que funciona em regime de plantão recebendo queixas de poluição sonora. "Sem ninguém fazendo contato com pessoas à noite é impossível algo assim acontecer".

De UOL.com.br

domingo, 25 de novembro de 2007

Tragédia na Fonte Nova


Há muito o Estádio Otávio Mangabeira estava diagnosticado com problemas estruturais. Com a novidade do Brasil sediando a Copa do Mundo de Futebol de 2014, boatos surgiram de que a Fonte Nova só poderia ser estádio do campeonato mundial se fosse implodida, e no lugar, um novo estádio fosse construído. Torcedores diziam que essa era a única maneira sim, e jornalistas diziam que não, que o estádio comportava todos muito bem , só precisava de alguns ajustes tecnológicos.

Implodindo tudo ou não, o fato é que o diagnóstico estrutural estava correto. Hoje, em pleno domingo, num jogo importante para o Esporte Clube Bahia (que com um empate de zero a zero voltou à série B), parte do anel superior do estádio desabou e com ele onze pessoas despencaram junto. Até o momento, 8 delas morreram.

60 mil pessoas lotavam , mais uma vez, o Estádio Otávio Mangabeira para com sua infinita esperança ver o Bahia "subir". O Bahia subiu e alguns torcedores da "Bamor" caíram. Política esportiva à parte, o Bahia é um time que já foi campeão brasileiro e que nos últimos anos não conseguia sair das ultimas colocações. Sempre achei que o problema do Bahia era um estádio cheio para um time medíocre. A vaia, o descontentamento, e principalmente o não-comparecimento da torcida ao estádio, na minha modesta opinião de torcedora ausente do Bahia, são as grandes armas contra a politicagem que estava matando o time. O excesso de torcedores nos jogos de um time decadente e mal administrado, com uma torcida fanática me causava repúdio. Mas não era assim que a coisa precisava acabar, né?

Meus sinceros sentimentos aos torcedores que ali estavam presentes com as melhores das intenções, e meu mais sincero repúdio aos administradores do time que nunca valorizaram e cuidaram da torcida que têm.

"Bora Baêêa!!"


Fotos: Welton Araújo e Margarida Neide ambos de Agencia A Tarde.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Um pouco sobre a política baiana

Hoje eu estava dentro de um ônibus Iguatemi-Barbalho. Entrei nesse ônibus na Praça da Piedade e tinha como destino o Barbalho. Passando pela porta do Colégio Central, paramos em um engarrafamento. Engarrafamento meio sem motivo já que ainda eram quatro horas da tarde.

Chegando mais perto deu pra entender que tratava-se de uma manifestação estudantil. Estávamos parados porque a Joana Angélica é uma rua estreita, de mão e contra mão, e era nela que os estudantes manifestavam-se por alguma coisa. Nessa tal manifestação, resolveram parar o trânsito, coisa que não é difícil nesta rua, mas um motociclista impaciente resolveu furar o bloqueio estudantil e foi barrado à força. Não vi direito a cena, mas pelo o que entendi pela correria e gritaria, o tal motoqueiro, irritado pela atitude dos estudantes, puxou uma arma. Não sei do que se tratava, não sei qual era a reivindicação, não vi arma nenhuma, mas gostaria de chamar a atenção para a reação dos não-manifestantes, dos não-estudantes que estavam no ônibus junto comigo.

Iniciou-se uma discussão quando um senhor dos seus 40 e poucos anos disse: "Bando de vagabundos! A polícia tem que meter o cacete nesses estudantes". Eu não me contive. Venho de uma família de comunistas, militantes estudantis e pessoas politicamente esclarecidas e respondi: "Ditadura de novo, meu amigo? O senhor pirou?". A partir daí apenas segurei minha boca e ouvi: "Um bando de vagabundo mesmo! Não sabem nem do que estão reclamando" e um outro completou: "Só atrapalham a vida de quem quer trabalhar. Manifestação não serve pra nada". E assim continuou a muito estranha conversa entre esses dois senhores, já que pelos meus cálculos eles têm idade suficiente para ter vivido a Ditadura Militar, ou ao menos ter ouvido falar dela.

Foi um exercício de paciencia escutar aquela conversa durante todo o percurso do ônibus. Eles falavam sobre a vagabundagem dos estudantes, suas drogas e sua molecagem. Falavam também da falta de utilidade da manifestação, em especial a estudantil, e criticavam o local de "rebeldia" dos estudantes. "Se querem reclamar, que reclamem na prefeitura, e não no meio da rua".

Por fim, tive que descer um ponto antes do necessário ao escutar o que pra mim foi a gota d'água: "Se você olhar as estatísticas, o maior índice de drogas e prostituição está dentro das escolas". Ao levantar ainda consegui dizer: "O Brasil está a merda que está por culpa de gente como vocês".

A tristeza é saber que minhas palavras foram em vão.
E viva São Salvador.

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quinta-feira, 5 de julho de 2007

Resenha sobre o desfile de 2 de Julho

2 de julho é o dia da independência da Bahia. Tradicionalmente, ocorre o desfile que sai da Lapinha e vai até o Campo Grande.
Esse ano, algumas coisas interessantes aconteceram. Pra começar, o Caboclo e a Cabocla, símbolos da resistência baiana, passaram separados, divorciados; na sequência, o governo atual passou correndo, fugindo sabe-se lá de quê; com a atual oposição ocorreu o mesmo, e muitos nem a viram passar; o prefeito foi visto no meio de um grupo, e também correndo sumiu na multidão, abafado por todas as vaias e os gritos. E assim seguiu o cortejo.
O único momento em que o desfile cívico lembrou os "velhos tempos" foi quando a derrotada à presidência Heloísa Helena passou. A professora foi a mais aplaudida, agarrada e levantada. A recepção foi realmente a mais calorosa.
Parece que os baianos têm verdadeira afeição por ela.

milena palacios
foto milena palacios

Só se vê na Bahia!


Mais um exemplo do gênero "só se vê na Bahia".
Foto tirada na Ladeira do Aquidabã.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Hotel Pestana tira sono da comunidade

O Convento do Carmo, hotel 5 estrelas do Grupo Pestana, situado no Carmo, é um exemplo de falta de respeito à comunidade e às normas ambientais de poluição sonora estabelecidas pelo bom senso e pela Sucon.
O Grupo construiu um "puxadinho" sem reboco (como pode ser visto na foto acima) onde colocou centrais de ar condicionado que ficam ligadas por todo o dia e noite, 24h sem parar. O "puxadinho" além de ser uma ofensa ao patrimônio histórico, já que está em pleno Centro Histórico da cidade, tira o sono e a tranquilidade do bairro.
Os vizinhos afirmam que as centrais até param, em geral, às 3h da manhã, que é quando eles acordam assustados com o silêncio, sim, com o silêncio. O problema é que assim que eles assimilam o silêncio, em 15 minutos o barulho das centrais de ar condicionado do Hotel Pestana recomeçam e o sono fica completamente interrompido.
A Sucon já foi chamada pela vizinhança e o Hotel já foi notificado, mas nenhuma mudança ocorreu ainda. O aparelho da Sucon detectou mais de 60 decibéis às 17h.
A população pede socorro e alega que até os animais que são vizinhos do Convento estão enlouquecidos. O galo que cantava pontualmente toda manhã, agora canta a qualquer hora do dia ou da noite, já que o silêncio (comum às madrugadas) já não existe mais para orientá-lo.

milena palacios